O Parlamento Indígena reúne importantes lideranças indígenas do país e objetiva visibilizar discussões como Direitos Indígenas, Preservação Ambiental e Políticas Públicas.
Historicamente, os povos indígenas brasileiros têm lutado por espaços de protagonismo nas decisões de caráter político que afetam suas vidas. É neste contexto de lutas que o Parlamento Indígena do Brasil, conhecido como ParlaÍndio foi criado, funcionando como uma assembleia permanente, reunindo lideranças históricas como os caciques Raoni Metuktire e Almir Suruí, e outras figuras do universo indígena brasileiro como Davi Kopenawa, Tuíra Kayapó, Álvaro Tukano, Eliane Potiguara, Daniel Munduruku e Marcio Paromeriri.
Recentemente, a presidente da Organização Indígena Instituto Kaingáng – Inka, Andila Kaingáng e a advogada Fernanda Kaingáng, da direção do Inka, foram nomeadas para o Parlamento Indígena do Brasil.
Trajetórias de Luta e Profissão
Andila é reconhecida por sua atuação e luta no Movimento Indígena Nacional, exercendo militância desde seus 17 anos, quando ainda frequentava o Curso de Formação de Monitores Bilíngues Kaingáng do RS, no início da década de 70, enquanto liderança Kaingáng, em prol do fortalecimento da Educação Escolar Indígena.
O curso tornou-se um marco para os Povos Indígenas pois foi o primeiro curso de Formação de Professores Bilíngues do país, também merecendo destaque o 3º Grau Indígena – Unemat, realizado pela professora Andila, por ser o primeiro curso de graduação em Educação Específica para Povos Indígenas na América Latina.
Andila é sócia fundadora do Inka, instituição onde continuou seu trabalho em educação Kaingáng. É coordenadora do Ponto de Cultura – Centro Cultural Kanhgág Jãre (projeto idealizado em conjunto com os Kanhgág Kófa/anciãos Kaingáng a fim de contribuir com o fortalecimento da identidade Kaingáng e divulgação da história e cultura Kaingáng). O Ponto foi o primeiro projeto de Ponto de Cultura implementado em uma Terra Indígena no Brasil, sob a responsabilidade de uma organização indígena, voltado ao fortalecimento e valorização da cultura do Povo Kaingáng da região sul do Brasil, território que historicamente habitam, tornando-se Andila, um referencial em educação e cultura Kaingáng graças a sua experiência e atuação.
Fernanda foi a primeira advogada indígena na região Sul do Brasil e a primeira indígena a obter o título de mestre em Direito no Brasil e doutoranda pela Universidade de Leiden, na Holanda, onde defende a tese sobre Patrimônio Cultural e Propriedade Intelectual dos Povos Indígenas. É militante no movimento indígena no cenário nacional e internacional e fundadora do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual, onde atua como diretora executiva e financeira além de ser membro do Instituto Kaingáng. Fernanda atua na área de Direito Público e Meio Ambiente principalmente nos temas de Direitos para Povos Indígenas no Brasil, proteção legal de conhecimentos tradicionais e patrimônio cultural dos Povos Indígenas.
